Não podemos falar de falsos heróis brasileiros sem falar do protagonista tirânico da atualidade, Alexandre de Moraes, o qual neste texto o chamaremos de Alexerxes. Alexerxes é ministro da mais alta corte brasileira e vem sendo acusado de abuso de autoridade por extrapolar suas funções ao conduzir inquéritos, em que atua como vítima, investigador e juiz ao mesmo tempo, o que seria uma violação dos princípios de imparcialidade. Uma de suas ações mais criticadas gira em torno do “Inquérito das Fake News”, que foi instaurado para investigar ataques contra a Suprema Corte e seus ministros. Seus críticos argumentam que esses inquéritos são uma ameaça à liberdade de expressão, enquanto seus defensores vêem neles um amparo necessário para democracia. Porém, o abuso mais grave cometido por Alexerxes continua abafado para boa parte da população brasileira e envolve os presos políticos do 8 de janeiro.
Após os ataques de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na invasão e vandalização das sedes dos três poderes, o Judiciário, e especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF), tiveram a oportunidade de mostrar compromisso com a democracia. No entanto, em vez de conduzir os processos de forma legal e justa, com base em evidências e penas proporcionais, o STF, especialmente sob a liderança do ministro Alexerxes, intensificou o arbítrio, afetando tanto figuras políticas conhecidas quanto indivíduos desconhecidos. O resultado foi catastrófico: pessoas morreram na prisão sem ao menos serem julgadas, outras permanecem presas sem julgamento de crimes e outros indivíduos estão sendo transformados em bodes expiatórios para evocar medo na população. As ações de Alexerxes são vistas como uma forma de censura e perseguição política, dando dicas de que o Brasil caminha para um Estado de Exceção. Aliados de seu governo já nem tentam mais esconder, estamos na iminência de um regime totalitário.
Recentemente, o nome de Alexerxes voltou a circular na mídia por seu embate explícito com o bilionário sul-africano, Elon Musk, dono da rede social X, antigo Twitter. Musk se recusou a seguir ordens ilegais de Alexerxes quanto à suspensão de perfis em sua plataforma e, por isso, teve seu dinheiro bloqueado pela justiça brasileira em sua empresa Starlink, que nada tem a ver com o caso. Segundo uma vasta gama de advogados, as exigências do STF são violações de direitos constitucionais e humanos por implicarem em censura a veículos de imprensa e quebra de sigilos bancários e telefônicos, sem justificativa robusta. O escândalo repercutiu mundialmente, ganhando ainda mais destaque quando o ministro decidiu suspender o X no Brasil e ameaçar a população com multas de R$50 mil para aqueles que acessarem a rede social usando VPN (rede virtual privada). Além disso, Alexerxes determinou a transferência de R$18,2 milhões das empresas de Elon Musk, X e Starlink, para conta da União para cobrir multas pelo não cumprimento das medidas impostas por Alexerxes ao X, como a censura de perfis e a presença de um representante legal da rede social no Brasil. Musk criou um perfil em sua plataforma, chamado de Alexander Files, para denunciar ações ilegais cometidas por Alexerxes.
Juristas destacam que a decisão do ministro contém diversas irregularidades, como a punição de milhões de brasileiros que não fazem parte do processo e não foram devidamente notificados. A plataforma X é censurada apenas em países com regimes totalitários, como Rússia, China e Venezuela. No entanto, o povo brasileiro não acatou a decisão do ministro e a cabeça de Alexerxes está a prêmio. No dia 7 de setembro, a população brasileira expressou sua indignação em massa durante a manifestação na Av. Paulista. E a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso elaborou dez argumentos técnicos para embasar um possível processo de impeachment do ministro, cujo pedido de cassação foi protocolado no dia 9 de setembro.
Os verdadeiros heróis
A ascensão do falso herói ao poder ou à influência costuma ser marcada por carisma, astúcia e ações aparentemente honestas. No entanto, sua queda acontece quando ele concentra poder excessivo nas mãos e se coloca acima do bem e do mal. Esse declínio ocorre quando a cortina de fumaça é dissipada e sua verdadeira natureza é revelada, seja por sua própria arrogância ou pela persistência do verdadeiro herói. Isso, claro, em tempos anteriores ao mundo digital e à metralhadora de narrativas enviesadas, as redes sociais. Hoje, a política se transformou em um espetáculo vulgar e a cortina de fumaça se tornou uma tela digital, que separa a verdade da manipulação. Por isso, o populismo cibernético domina o cenário político: as pessoas se satisfazem com recortes e edições tendenciosas, sentem prazer imediato e logo encaminham a mensagem. O looping de desinformação se tornou a droga do momento
Esses falsos heróis frequentemente começam com boas intenções e são vistos como figuras admiráveis, mas acabam sendo corrompidos por ambição, medo, desejo de poder ou outras falhas humanas, traindo seus próprios valores e se tornando algo muito diferente do que aparentavam ser. Suas histórias servem como advertências sobre os perigos de deixar o ego e as emoções negativas dominarem, mostrando como a linha entre herói e vilão pode ser tênue. Desta forma, a arma mais acessível e eficaz contra o falso herói é o pensamento crítico. Quando nos deixamos levar pela emoção, somos seduzidos por discursos vazios e ficamos cegos.
Se vivêssemos num mundo de fábulas e filmes, onde o bem sempre prevalece e os heróis triunfam no final, seria fácil acreditar que um grande salvador está à nossa espera, pronto para resolver todos os problemas. Porém, a busca por um messias ou um salvador da pátria é um processo angustiante, especialmente em tempos de incerteza. Escolher um candidato para cargos públicos tornou-se uma tarefa que parece impossível, dada a complexidade das questões e a desconfiança em torno das figuras políticas. O cenário atual nos deixa com a sensação de estar “dando um tiro no escuro”, depositando esperanças em líderes que prometem muito, mas cuja capacidade de concretizar tais promessas permanece uma incógnita.
Resta-nos confiar na providência divina, acreditando que um propósito maior pode guiar essas escolhas. No entanto, se essa providência falhar ou se nossas expectativas forem mais uma vez frustradas, talvez a solução esteja em outra direção: não na figura de um herói externo, mas na capacidade humana de se reinventar. A física quântica nos abre portas para um novo tipo de protagonismo, onde nossa realidade pode ser alterada por nossa consciência.
Nessas esferas, o poder de moldar a realidade não depende mais de um suposto herói, mas da nossa própria criatividade, inteligência e capacidade de tomar as rédeas do futuro. Nesse novo paradigma, o heroísmo está em nossa habilidade de questionar, inovar e enfrentar os desafios de um mundo em constante transformação. A esperança não está na espera por alguém que nos salve, mas na compreensão de que, munidos de conhecimento e pensamento crítico, podemos ser os arquitetos do nosso próprio destino. O futuro não será determinado por uma força externa, mas por nossa própria ação. Os verdadeiros heróis somos nós.