Desde o dia 7 de outubro, o mundo assiste estarrecidamente aos acontecimentos dantescos que estão ocorrendo em Israel. O que antes conhecíamos através de livros de história, fotos, desenhos e narrativas editadas em emissoras de televisão, agora conhecemos da pior maneira possível, em tempo real. A tecnologia trouxe muitas benesses à vida humana, mas também nos aproximou das tragédias do mundo. Não podemos mudar o que aconteceu, mas o fato é que cada indivíduo enfrenta agora um mesmo desafio: como lidar com as imagens vistas. Algo no cerne da humanidade mudou, e precisamos nos questionar sobre o que deixaremos acontecer depois do que vimos. Muitas pessoas não sabem, mas estão lutando intrinsecamente contra esse sentimento.
A guerra Israel-Hamas começou pela manhã de sábado, 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram a fronteira Gaza-Israel por túnel, caminhão e asa delta, matando 1.200 pessoas e sequestrando mais de 200. Em poucos instantes as imagens da tragédia começaram a inundar as plataformas de redes sociais. Cada vídeo ou postagem atraía novos espectadores, provocando horror em todos e criando uma sórdida demanda por mais. Foi então aberta uma segunda frente de combate, dessa vez online, transformando conflitos bélicos em batalhas virtuais. A verdade é que as guerras agora fazem parte da vida de todo cidadão conectado, não há como escapar da matrix.
Existe uma antiga batalha entre bem e mal, luz e trevas, que tomou proporções avassaladoras na Era Digital. Hoje esse conflito é expresso por meio de pautas sociais e políticas, governos e líderes que proferem narrativas pouco científicas, na intenção única de angariar seguidores. O ser humano se tornou o produto final. Gregg Braden é um autor, palestrante e pesquisador americano, conhecido por seu trabalho nas áreas de ciência, espiritualidade e consciência. Ele escreveu vários livros que exploram a intersecção da sabedoria antiga, da ciência moderna e dos mistérios da existência humana. Braden acredita que existe um esforço orquestrado para roubar a humanidade dos indivíduos, uma batalha para quebrar nossos laços sociais e nos desumanizar. Ele afirma que os terroristas do Hamas foram muito bem treinados e programados para não enxergar aquelas pessoas como humanos. A principal intenção do massacre, de acordo com Braden, é produzir material sensacionalista para ser divulgado na mídia. Ele descreve os terroristas do Hamas como marqueteiros do terror, e diz que se não condenarmos a crueldade que aconteceu em Israel, a maldade será perpetuada e banalizada para sempre. Devemos condenar sim, mas sem alimentar o ódio, que só suscitaria em sentimentos de vingança e amargura.
“Há uma batalha fundamental neste planeta, uma batalha pelos nossos pensamentos, que se desenrola na mídia; uma batalha pelas nossas crenças, que se desenrola nas universidades. Quem somos, de onde viemos, de onde vêm as nossas nações, há uma batalha pela soberania de nossos corpos. São vários aspectos de uma única batalha, a batalha pela nossa humanidade.”
Gregg Braden
Os estudantes estão sendo treinados para não pensarem nas aulas, para que se esqueçam de sua essência e de seus valores. Em universidades conceituadas de todo o planeta, tais como Harvard, Stanford, USP e muitas outras, os jovens estão relativizando os horrores recentes que ocorreram em Israel. De acordo com Braden, isso faz parte do nosso mecanismo de defesa: é muito mais fácil negar esses horrores do que permitir que sejam verdade. Braden acredita que para podermos sublimar aquelas terríveis imagens, primeiro precisamos entender o mecanismo subjacente das guerras. A verdade é que as guerras nunca são geradas por um único objetivo, mas todas têm um fim comum: a busca por riqueza. O lucro financeiro está diretamente ligado ao desenvolvimento de guerras no planeta. Desse modo, para compreendermos porque as guerras existem, é preciso decompor o sistema monetário e sua principal ferramenta: o culto à dívida.
A atual sociedade é formada por diversas instituições que abrangem desde entidades políticas, escolares, jurídicas e religiosas, a estruturas de classes sociais e valores familiares. Essas mais tradicionais exercem uma profunda influência sobre nosso comportamento, moldando silenciosamente nossas percepções e perspectivas de mundo. Porém, dentre todas as instituições sociais que nos dirigem e nos condicionam desde o nascimento, nenhuma parece tão essencial e, ao mesmo tempo, tão incompreendida quanto o sistema monetário. Adquirindo dimensões quase reverenciais, as instituições financeiras estabelecidas figuram como uma das manifestações de fé mais inquestionáveis. Porém, a maneira como o dinheiro é gerado e as políticas que regem seus impactos reais na sociedade permanecem como interesses subestimados pela grande maioria da população. Em um mundo onde 1% da população detém 40% da riqueza global, e milhões de pessoas sucumbem à pobreza e a doenças evitáveis, torna-se evidente que algo está profundamente desequilibrado. E este desequilíbrio não é à toa, existe a força de uma minoria atuando na surdina.
Relatos de um assassino econômico
“Os assassinos econômicos são profissionais altamente remunerados que enganam países de todo o mundo em trilhões de dólares. Eles canalizam dinheiro do Banco Mundial e da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e de outras organizações de “ajuda” estrangeiras para os cofres de grandes corporações e para os bolsos de algumas famílias ricas que controlam os recursos naturais do planeta. Suas ferramentas incluem; relatórios financeiros falsos, eleições fraudulentas, subornos, extorsão, sexo e assassinato. Eles jogam um jogo tão antigo quanto o do Império, mas que assumiu novas dimensões aterrorizantes durante esta época de globalização. Eu deveria saber; eu já fui um assassino econômico.”
John Perkins
John Perkins é um autor americano e whistleblower, mais conhecido por seu polêmico livro “As Novas Confissões de um Assassino Econômico”, publicado em 2016. De fato um ex-assassino econômico, Perkins afirma ter trabalhado para uma empresa de consultoria internacional chamada MAIN, onde seu trabalho era convencer países estrategicamente importantes para os Estados Unidos a aceitarem grandes empréstimos para projetos de infra-estruturas. No entanto, estes projetos eram muitas vezes desnecessários ou excessivamente caros, levando os países ao endividamento e tornando-os vulneráveis à manipulação política e econômica. A intenção, tal como descrita por Perkins, era criar um ciclo de dependência que pudesse ser aproveitado para extrair concessões e influenciar a direção política destes países. Quando estas nações não sucumbiam às exigências dos norte-americanos, uma false flag era hasteada e, num piscar de olhos, aquele país se tornava vilão. Dando início, então, a mais uma guerra.
De forma geral, o assassino econômico é, segundo Perkins, o responsável pela criação do primeiro Império verdadeiramente global. Eles trabalham de muitas maneiras, o primeiro passo é encontrar um país cujos recursos ou empresas são cobiçados, como o petróleo. Então, eles oferecem um enorme empréstimo para este país através do Banco Mundial ou por alguma organização afiliada. Acontece que o dinheiro nunca vai realmente para esta nação, vai para grandes corporações, que, supostamente, irão construir projetos de infraestruturas no local, tais como; redes elétricas, parques industriais, portos, e coisas que beneficiam a elite dominante. Além de apenas beneficiar corporações oriundas e parceiros, eles deixam uma dívida impagável para aquela nação.
A fraude é simples: endividar o país, seja por sua própria indiscrição ou através da corrupção de seu líder, para depois impor condições e ajustar as políticas estruturais locais. A ideia é oferecer um refinanciamento deste déficit, cobrando altos juros e exigindo que vendam seus recursos e muitos de seus serviços a empresas estrangeiras. Estabelecida a dívida, o assassino econômico é enviado para cobrá-la, sabendo que a mesma jamais será quitada. Ele, então, sugere que o país venda seu petróleo bem barato para as companhias petrolíferas da Corporatocracia, e ainda, que empresas de eletricidade, água e esgoto sejam privatizadas e vendidas a outras empresas afiliadas. É também exigido apoio em possíveis conflitos bélicos, instalação de bases militares e aliança política em eleições futuras. Um golpe imensurável.
Na era da globalização, o modus operandi dos assassinos econômicos foi aprimorado e é usado em larga escala. Através de estratégias de desinformação, espalham boatos e incitam motins, tornando o líder do país muito impopular. Quando milhares de pessoas criam engajamento nas redes sociais e mainstream, cria-se a ilusão de que está no mundo inteiro. É assim que o projeto escalona. Os perpetradores acreditam que quaisquer meios, incluindo os utilizados pelos atuais assassinos econômicos e chacais, são justificados para impulsionar o crescimento econômico e, assim, preservar seu modo de vida ocidental nababesco. Travam guerra contra qualquer pessoa que possa ameaçar seu bem-estar financeiro, conforto e segurança, e acreditam que todo o crescimento econômico beneficia a humanidade. Quanto maior for o crescimento, mais difundidos os benefícios. Conceitos megalomaníacos são absorvidos como evangelho e alimentados por algo muito mais perigoso do que uma conspiração global. As pessoas que se destacam e se alimentam deste “fogo” por crescimento econômico são exaltadas e recompensadas, e quem se opõe terá sua biografia queimada e será cancelado.
A Corporatocracia
Hoje não temos o equivalente a um imperador, mas temos a Corporatocracia. Termo criado por John Perkins, a Corporatocracia é composta por um grupo de pessoas que dirige as maiores corporações do mundo, e que realmente atuam como imperadores deste reinado. Controlam os meios de comunicação, os políticos e as figuras públicas, e detém monopólio de todos os recursos e serviços. A maioria dos políticos obtém ajuda financeira para suas campanhas por meio da Corporatocracia, seja diretamente das corporações ou por meio de doações. Não se pode dizer exatamente quem está no comando da Corporatocracia, pois eles oscilam em posições de liderança continuamente para não serem rastreados.
Numa Corporatocracia, os interesses das grandes corporações e das elites empresariais muitas vezes têm precedência sobre os interesses da população em geral. Esta influência pode manifestar-se através de lobbying, contribuições de campanha e outros meios de moldar políticas públicas para favorecer os interesses empresariais. Você pode ter alguém no comando de uma grande construtora, como a Halliburton, e no momento seguinte, ele ser vice-presidente dos EUA ou presidente das empresas petrolíferas. Na maioria das vezes, o governo é invisível, conduzido pelas corporações, e suas políticas são basicamente forjadas pela Corporatocracia. Seja lidando com uma empresa, uma religião ou um governo, o principal interesse da Corporatocracia é o de preservar a própria instituição. A queda dos soviéticos na Guerra Fria foi essencialmente para preservar a hegemonia dos EUA.
False flag no Iraque
Perkins alega que os assassinos econômicos eram testas de ferro de ricos e poderosos, que usavam empresas multinacionais e o governo dos EUA para promover suas agendas econômicas e geopolíticas. Como já visto, o autor usa o termo “Corporatocracia” para nomear este influente grupo, cujo objetivo principal não seria o de promover o desenvolvimento sustentável nesses países, mas sim garantir sua dependência em interesses econômicos e políticos de nações dominantes. De acordo Perkins, o assassino econômico, geralmente vinha da CIA em missões a governos corruptos e subdesenvolvidos. Se um Estado se recusava a ser corrompido, os EUA enviavam os chacais, que derrubavam esses governos ou assassinavam seus líderes. Em 1990, foi enviado um assassino econômico para o Iraque na intenção de convencer Saddam Hussein a atender às condições dos norte-americanos. Sem sucesso, mandaram os chacais, mas ambas estratégias falharam. George W. Bush enviou, então, tropas para capturar militares iraquianos, dando início a Guerra do Golfo.
Mesmo sem obter autorização explícita da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2003, os Estados Unidos, juntamente com uma coligação de aliados, invadiram o Iraque. A alegação era que o país liderado por Saddam Hussein, possuía armas de destruição em massa e representava uma ameaça à segurança global. No entanto, após a invasão, não foram encontradas provas substanciais que justificassem a ocupação. As alegações acerca da posse de armamento bélico baseavam-se em informações falsas, levantando questões éticas e legais sobre a veracidade das provas fornecidas pelo governo dos EUA. Isso gerou uma controvérsia significativa sobre a legalidade da guerra, colocando em xeque a soberania do país invadido. Acordos muito lucrativos foram feitos para reconstruir a nação que os EUA destruiu, um ótimo negócio para empresas de construção, como a Halliburton.
A guerra no Iraque acarretou uma mudança de paradigma perniciosa e pouco falada no mundo acadêmico e na mídia. Além da guerra ter sido baseada em uma mentira, foi também uma guerra ilegal. Porém, absolutamente ninguém foi julgado ou condenado por tê-la encabeçado, abrindo precedente para a impunidade bélica. Agir como se estivessem acima da lei, é abrir a porta para que outros quebrem as regras também. Qualquer país poderia levantar um false flag e iniciar uma guerra sabendo que daria em pizza.
Considerada a guerra mais privatizada da história, a guerra no Iraque ficou conhecida como a guerra dos videogames, marcando a introdução de notícias diárias, transmitidas diretamente por câmeras instaladas em linhas de frente da base militar norte-americana. Com a evolução tecnológica, câmeras e aviões foram substituídos por drones. Mísseis são lançados em ataques aéreos, permitindo que os EUA atinjam alvos a milhares de quilômetros de distância, sem colocar as tropas norte-americanas em risco. Tornando, assim, o programa de drones muito mais popular do que qualquer outro usado previamente. Mas a guerra com drones não é limpa. Esses ataques matam milhares de civis; muitas vezes, os pilotos desses dispositivos não sabem exatamente onde está o alvo.
O Poder da Mídia
A mídia promove a propaganda de guerra, porque a guerra é lucrativa. Antigamente, existiam poucos veículos de comunicação, era mais fácil impor a narrativa estabelecida, como fizeram na União Soviética e na Alemanha de Hitler. Hoje, as coisas mudaram um pouco, a tecnologia transformou a mídia em propriedade de todos. Os campos de batalha físicos e digitais encontram-se agora interligados. O desfecho é um conflito de informações que transforma cada incidente violento — seja um ataque terrorista, um bombardeio aéreo ou um tiroteio nas ruas — em seu próprio campo de batalha virtual. Nesse cenário, as respostas disparadas online ao redor do mundo alimentam esse ciclo vicioso e incentivam a perpetuação de novos atos de violência.
Na guerra híbrida, smartphones e câmeras transmitem relatos quase instantâneos de todas as ações militares em escala global. As pessoas tornaram-se vítimas da sobrecarga de informação. Quanto mais veem, menos sabem. Querem nos decifrar através do algoritmo, nos fatiando e nos escaneando pela internet. Buscam saber exatamente quanto você ganha e qual trend lhe apetece para que possam lhe sugerir algum tipo de conteúdo. No artigo jornalístico intitulado “Anger Is More Influential Than Joy”, especialistas da Universidade Beihang analisaram 70 milhões de mensagens na plataforma de mídia social chinesa Weibo. Os resultados revelaram que publicações capazes de suscitar raiva atingiam um público significativamente maior em comparação com aquelas que provocavam alegria ou tristeza.
Uma influente máquina de propaganda em massa, manipulada pela Corporatocracia, desenvolveu estratégias para nos persuadir a adotar um dogma que favorece seus próprios interesses. Dívida, suborno e a derrocada política de um líder de oposição são métodos chamados de GLOBALIZAÇÃO. Tal como o Federal Reserve mantém o público norte-americano numa posição de servidão contratada através de dívida perpétua, inflação e juros, o Banco Mundial e o FMI desempenham este papel em escala global. A escravatura econômica exige que as pessoas se alimentem e se alojem. Portanto, a maior guerra que existe é invisível, e tem em seu cerne a ferramenta mais engenhosa criada para manipular as massas: dívida e juros. O real interesse desses monopólios é enfraquecer a classe média, transformando-a em escrava da dívida, uma vez que pessoas endividadas simplesmente não têm escolha, a não ser se curvar à grande mão invisível do Estado.
“Existem duas maneiras de conquistar e escravizar uma nação, uma é pela espada. A outra é pela dívida.”
John Adams
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