Joost Meerloo (1903 – 1976) foi um psiquiatra e autor holandês-americano conhecido por seu trabalho no campo da guerra cognitiva, lavagem cerebral e os efeitos dos regimes totalitários na mente humana. Ele foi uma figura proeminente no estudo da manipulação psicológica e seu impacto em indivíduos e nas sociedades.
Em seu livro, “The Rape of the Mind: The Psychology of Thought Control, Menticide and Brainwashing”, Meerloo explora os vários métodos usados por governos autoritários, cultos e facções, para controlar e manipular as massas. O conceito principal do livro gira em torno da ideia de que regimes totalitários e organizações secretas usam técnicas psicológicas para quebrar o senso de identidade, o pensamento crítico e a resistência à autoridade do cidadão.
“O perigo da psicoterapia moderna e da psicologia é a tendência em formalizar a intuição e a empatia humana, e a fazer uma abstração da emoção e da espontaneidade. É uma contradição tentar mecanizar o amor e a beleza.”
Joost Meerloo – The Rape of The Mind
Ele cunhou o termo “menticídio” para descrever o enfraquecimento ou destruição deliberada de valores e da personalidade. O menticídio é uma forma de guerra psicológica que visa extinguir a liberdade mental de uma pessoa, tornando-a mais suscetível ao controle e às influências externas. Vários métodos podem levar ao menticídio, tais como: propaganda, isolamento, medo, intimidação, privação social e outras formas de abuso psicológico e emocional. O objetivo final do menticídio é remodelar as crenças e percepções de um indivíduo para alinhá-las com pautas ideológicas e políticas.
Campanhas eleitorais são planejadas pelos chamados “engenheiros de opinião pública”, que usam técnicas modernas de comunicação em massa para direcionar comportamentos a aliciar pessoas. O conhecimento contemporâneo da mente humana é usado para persuadi-las a votarem no candidato que está pagando a conta.
Meerloo discute como essas táticas, muitas vezes chamadas de lavagem cerebral, são incutidas no inconsciente coletivo das massas e provocam uma aceitação imediata. Estas técnicas modernas de intrusão mental reduzem a capacidade do homem de agir por iniciativa própria, pois o medo bloqueia o pensamento. Neste processo, as crenças são subvertidas e o sistema democrático enfraquecido. O cérebro do homem é formatado, tornando-o em um mero robô opinativo.
“Opiniões prontas podem ser distribuídas dia após dia através da imprensa, rádio e assim por diante, repetidas vezes, até atingirem a célula nervosa e implantarem um padrão fixo no cérebro. Consequentemente, a opinião pública guiada é o resultado, de acordo com os teóricos pavlovianos, de uma boa técnica de propaganda, e as pesquisas são uma verificação da ação temporária bem-sucedida das maquinações pavlovianas na mente.”
Joost Meerloo
Ele enfatiza que é de suma importância compreender essas técnicas para reconhecê-las e, assim, resistir a elas, salvaguardando, em última instância, a liberdade, a autonomia e o bem-estar dos seres humanos. Sua compreensão de como a manipulação psicológica pode ser usada para controlar indivíduos e moldar sociedades continua relevante nas discussões sobre guerra psicológica.
Hoje podemos designar esta função ao algoritmo, que dita padrões e comportamentos imperceptivelmente. A espontaneidade e a criatividade são diluídas em clichês estéreis e memes da internet, direcionando nossos pensamentos a todo instante. Embora tenhamos a ilusão de sermos autênticos e livres para escolher, vivemos à sombra de nossa pegada digital.