Ninguém nasce imbecil no mundo, somos feitos imbecis, e existem forças que têm um grande interesse nisso. Poderes econômicos trabalham incessantemente pela distorção sistemática de nossa realidade, e é exatamente isso que acontece com a mídia que consumimos. Não há pluralidade, não há divergência de opiniões e nem esforço em esconder que a velha imprensa é a rainha do baile, boca do capital financeiro no Brasil.
É comum achar que a manipulação midiática é de cunho político, ou seja, que tenham a ver com o establishment. Mas, no caso do Brasil, essa manipulação está centrada no mercado, e as forças desse mercado são praticamente invisíveis para a maior parte da população. Isso ocorre por conta da distorção de informações praticada pela mídia, a grande fábrica de opiniões. Uma das razões pelas quais a imprensa é intrinsecamente ligada ao mercado é porque eles próprios são o mercado. Os donos de mídia ganham enormes salários e bônus, assim como os banqueiros, e, por isso, estão administrando seus negócios como bancos. Isso torna o monopólio da mídia mais importante e perigoso, pois você pode silenciar uma pessoa ou um grupo com fatos, mas você não pode silenciar a mídia.
A Constituição brasileira foi vilipendiada e a política sequestrada por pessoas dispostas a gastar milhões para eleger ou derrotar certos candidatos. Ludibriam a população e se apropriam de conceitos pré estabelecidos, mudando paradigmas e direcionando as massas. Memes midiáticos são criados a todo instante. Exemplo disso é o termo “anti-fascista” que se tornou um axioma a ser adotado pelo ESG do politicamente correto. Nessa lógica, ou você é a favor do movimento ou você é fascista. O meme do fascismo criado pela velha imprensa transforma o oponente político em uma ameaça impiedosa à nossa própria existência. Seu único e exclusivo intuito é o de estabelecer e pôr em prática o famoso jargão populista “eles contra nós”, bem conhecido na política brasileira. Nesse jogo de xadrez injusto e prostituído, sabemos quem segue vencedor invicto.
Outra ferramenta memética usada para influenciar as massas é a propaganda identitária revolucionária. Dividir a sociedade em pequenos grupos, cada um desses grupos unidos por uma necessidade: um chamado à justiça. Cada minoria acaba por representar uma parte diferente de simpatizantes que poderiam construir uma maioria. Seu maior trunfo é o discurso de ódio, e seu fiel escudeiro, o algoritmo. O método envolve a escolha de um candidato popular que irá representar determinada minoria e instruir ONGs, associações, coletivos e outras instituições a inflamar o discurso de ódio contra a oposição. A devolutiva é imediata, seus adeptos e seguidores embasam a causa em memes e likes propagados nas redes sociais instantaneamente. Não há uma busca pela notícia verdadeira, o meme é aceito como realidade e a virtude é sinalizada nas redes.
“Esse tipo de supersimplificação e deturpação é particularmente típico dos ideólogos. Eles adotam um axioma único: o governo é ruim, a imigração é ruim, o capitalismo é ruim, o patriarcado é ruim. Depois, filtram e selecionam suas experiências e insistem de forma ainda mais restritiva que tudo pode ser explicado através desse axioma. Eles acreditam, de forma narcisista, que sob a tutela de toda essa teoria ruim o mundo poderia ser arrumado, bastaria que eles assumissem o controle.”
Jordan Peterson – Doze Regras Para a Vida
Ícone do progressismo mundial, o filósofo americano Noam Chomsky fez um brilhante trabalho para ensinar a esquerda seu método de doutrinação. A filosofia de Chomsky oferece 10 grandes pilares de como manipular a população através da mídia. Segundo Chomsky, o único interesse da grande imprensa é empurrar o que quer que seja para garantir lucro. Fabricar o consentimento alheio à mercê de anunciantes que estão pagando por audiências. O jornalismo e o pensamento crítico ficam em segundo plano. Isso significa que a mídia não está vendendo produtos para o consumidor, ela está vendendo um produto para os anunciantes, e esse produto é VOCÊ.
Apesar de ser reverenciado por intelectuais e filósofos de esquerda, Chomsky fez duras críticas ao Partido dos Trabalhadores em entrevista concedida à Democracy Now, em abril de 2018. Ele condenou seus desvios financeiros e corrupção generalizada.
“É doloroso ver o Partido dos Trabalhadores no Brasil, que realizou medidas significativas, apenas – eles simplesmente não conseguiram manter as mãos fora do caixa. Eles se juntaram à elite extremamente corrupta, que rouba o tempo todo, e fizeram parte dela também, e perderam sua credibilidade.”
Noam Chomsky – Democracy Now
O sistema político brasileiro foi feito para ser burlado, vide o poder legislativo. Deputados são comprados por grandes bancos e empresas, o que legitima o sistema corrupto. Mas a corrupção não é uma característica oriunda do Brasil, existe em todos os lugares. Por conseguinte, a corrupção não é o principal problema do país, e sim a displicência da mídia ao relatar (ou não relatar) fatos relacionados a essa problemática. Enquanto a imprensa fulaniza a corrupção para manter a máquina do sistema girando, a esquerda caviar assume o papel de lacaia do mercado. As organizações de notícias se tornaram empresas de entretenimento, e esse entretenimento de alto custo, gera uma dívida enorme para seus patrocinadores, fazendo com que nunca sejam imparciais na divulgação de notícias. Um lastro praticamente eterno, que torna a mídia escrava da dívida.
Enquanto uma fração do poder econômico organiza o assalto da população através de juros, dívida pública, isenções fiscais, bancos e empresas, a mídia brasileira assume seu papel de Hilda Furacão do baile funk, rebolando e seduzindo o público com seu pão e circo, técnica antiga adotada por líderes romanos para distrair a população dos reais problemas e mantê-la fiel à ordem estabelecida. A velha política do “pão e circo” da Roma Antiga jaz na premissa de que o conhecimento é menos importante que o divertimento e o alimento. Não há real interesse por assuntos políticos ou filosóficos. Na época, isso significava uma solução paliativa para o sofrimento com a miséria e a fundação precária da sociedade. A pitada fatal era dada quando os gladiadores entravam em cena em espetáculos sangrentos, envolvendo animais ferozes, corrida de bigas e lutas violentas. Incutir o pavor no público e inebriá-lo com esbórnia significa torná-lo submisso ao meme do medo e ao meme do entretenimento. Nos dias de hoje o meme da mídia faz o glorioso papel de gladiador e fera, pão e circo.
Não há esforço algum para esconder essa tática de subversão que ocorre no consórcio de notícias. A operação psicológica PSYOP dos Estados Unidos é conhecida por incapacitar seus inimigos através do medo. Quando tange à informação propriamente dita, o inimigo é a própria mente humana, e a guerra é contra a verdade. Tragédias iminentes são atiradas na atmosfera terrestre, travando uma guerra no conforto do lar. Os veículos de comunicação vêm operando abaixo do radar, no limite de consciência. E esta letargia hipnótica prejudica o desenvolvimento humano e o crescimento da democracia. Tirar a opinião pública do debate é assassinar a própria democracia, pois haveria uma só verdade a ser adotada sem discussões.
A mídia é nossa lente no mundo, é absolutamente crítico que ela seja confiável. É responsabilidade do jornalista informar ao público os fatos com imparcialidade, assim como é de suma importância informar quem está financiado tal veículo de informação e se está representando um candidato ou empresa. As grandes corporações têm poder sobre as pessoas, e aqueles que estão por detrás dessas guerras de narrativas devem ser desafiados. São governos e grandes instituições que sabem jogar o jogo da mídia e influenciar as narrativas de notícias. Eles utilizam da tática de criar entrevistas com seus próprios “especialistas”, revelando supostos fatos cruciais para o cotidiano. Se alguém quiser desafiar este modus operandi inexorável, será empurrado para as margens e será cancelado. Quando jornalistas, delatores e fontes se afastam do consenso mainstream, eles recebem “fracassos” em seus currículos e têm suas biografias queimadas.
Nos Estados Unidos, as agências de informação usam o método VNR (video news release), um comunicado de imprensa em vídeo projetado para simular uma reportagem real. Porém, em vez de ser criado por uma agência de notícias, ele é feito por um relações-públicas ou por uma agência de publicidade. O objetivo é passar uma mensagem específica em nome de um cliente, seja esse uma figura política, uma empresa ou um órgão do governo. Esses vídeos têm de ser escrutinados, pois, muitas vezes, há um repórter falso, que, na verdade, é um profissional de relações públicas, disseminando uma inveracidade em redações de todo o país. As pessoas estão assistindo a um programa que pensam ser notícia (Fair & Balanced Report), mas que, em realidade, são anúncios pagos que se parecem com notícias. Um VNR é dado às redações de televisão para ser utilizado como uma ferramenta que molda a opinião do público, promove produtos ou serviços de uma empresa, divulga um indivíduo e apoia algum outro tipo de interesse.
As empresas gastam centenas de bilhões de dólares por ano e a última coisa que desejam é o bem da população. O que desejam é coerção e controle. Estamos sendo censurados e monitorados o tempo todo, o consórcio da grande imprensa que determina o que é bom e o que é mal, o que é certo e o que é errado. Quem define o meme do bem e do mal hoje são as Big Mídias, Big Techs e Big Pharmas. Se a CNN ou a Rede Globo publicam algum tipo de desinformação, ela automaticamente se torna informação. A desinformação memética parte, então, de uma fonte confiável e autorizada, e vende a ilusão de que você pode mudar o mundo. As pessoas precisam encontrar significado na Vida, e essas ideologias incutidas nos memes substituem esta busca. O que faz delas tão perigosas é o fato de elas quererem estabelecer o paraíso celeste na terra, e não medirão esforços para atingir seus objetivos.
Com o cérebro confuso e desinformado, o consumidor de memes fará uma escolha irracional. A própria palavra em inglês, Television já tem sua mensagem subliminar engendrada na semântica: Tell a vision (conte uma visão). Pessoas solitárias e amedrontadas são suas melhores vítimas, pois, em situações de risco, nossa razão é desligada. Por este motivo, a desinformação vem sendo uma estratégia de guerra desde a antiguidade, e está enraizada no sistema político e difusa na cultura. Mas, a tragédia iminente que jaz nessa premissa é de que algumas pessoas estão bovinamente felizes sendo monitoradas e censuradas. Seria uma grande trabalheira mudar de opinião, você teria que mudar de vida. O meme midiático é divertido, a realidade é chata. Portanto, que seja bem-vindo o metaverso das ideias! Mas, que seja usado de maneira oportuna e não perniciosa. Dominar essa dualidade inevitável entre bem e mal é ser equilibrado, é saber discernir a diferença entre a ordem e o caos, narrativa e fato, meme ou realidade.
“O que nos causa problemas não é o que não sabemos. É o que temos certeza que sabemos e que, ao final, não é verdade.”
Mark Twain