O pós-modernismo é uma doutrina filosófica que domina a humanidade de maneira perniciosa e inconscientemente niilista. Enfatiza uma realidade que envolve a quebra de paradigmas e o rompimento com tradições em prol do desenvolvimento humano. Fomentado pelos novos paladinos da verdade, o progressismo disfarçado de pós-modernismo nega afirmações sólidas, e é frequentemente expressado de maneira reduzida nas artes, literatura e cultura. Sempre endossado por formadores de opinião e influenciadores digitais que saíram do âmbito da intelectualidade e filosofia, e adentraram o sombrio mundo da banalização erótica e fama virtual.
Hoje, estes “engenheiros dos fatos” são pessoas ligadas à cultura inútil, sempre focados em inebriar o cérebro das massas para injetarem suas ideologias. Por isso é importante buscar as origens da ideologia progressista para entender por que as coisas estão evoluindo da maneira que estão. Não é opcional entender a força da doutrina pós-moderna, e sim crucial.
Ideias são expressas em palavras, e as palavras e os símbolos têm o poder desde que o mundo é mundo. Intelectualmente interessantes, as palavras e imagens que absorvemos e usamos diariamente soam como mantras e estabelecem padrões em nossas vidas diárias. Não podemos subestimar o poder da semântica, ela influencia nosso comportamento e determina os pensamentos que temos. Da mesma forma que os humanos têm moldado o rumo do mundo, as palavras também vêm sendo moldadas. É notória a ressignificação da palavra “paz”. Já percebemos que a palavra “paz” já não significa mais paz, tornou-se um dispositivo de marketing para apaziguar as massas e disfarçar agressões. Outras palavras que foram ressignificadas, são: democracia, fascismo e genocídio. A que de fato essas palavras realmente se referem, será que estão sendo usadas apropriadamente?
Por conta do construtivismo russo implementado na educação por Paulo Freire, a maior parte dos brasileiros têm a tendência em interpretar palavras de acordo com a carga emocional que elas carregam, e não por seu real significado. Este hiato na educação brasileira acabou gerando uma legião de analfabetos funcionais: pessoas que escolhem ideais de acordo com a aceitação de seus pares, e vivem meramente por imitação. Condenam a inteligência ao exílio e entregam suas mentes à realidades virtuais efêmeras.
O excesso de ruído cognitivo criado pelo mundo digital gera uma confusão babélica nas mentes humanas. Fatos são oprimidos e distorcidos dando lugar a narrativas sem comprometimento com a verdade. Grupos dedicados de artistas, influenciadores carismáticos e engajados, se tornaram meras ferramentas ideológicas de políticas sensacionalistas. Não há busca pela autenticidade dos fatos, apenas aceitação inconsciente de dogmas e clichês. Estes “antropólogos” da nova geração, acadêmicos, escritores e filósofos pós-modernos, estão autorizados a questionar identidades socialmente construídas e desafiar noções preconcebidas de sexualidade e gênero. Tudo foi colocado em xeque. Leis e tradições estão sendo transgredidas em nome de uma liberdade utópica que jamais ocorreria sem o vilão da revolução social, o capitalismo.
A retórica anticapitalista se sedimenta no expediente de acusar de discurso de ódio qualquer crítica ou objeção à agenda ideológica de esquerda. Esta insistência na fabricação de uma linguagem de ódio serve para agitar as emoções das massas e assim direciona-las. Fórmula estratégica dos discursos oriundos comunistas: estressar o sistema – gerar uma revolução – instaurar o socialismo.
Antigamente a batalha era mais óbvia, oprimido contra opressor. Hoje a batalha é uma incógnita. Com tantas variedades de gênero e tribos, já não sabemos quem luta contra quem. Ou pior, quem é o que e quando, pois hoje eu sou Débora e amanhã posso ser Dênis, tanto faz, o importante é ser acolhido pelo grupo que lhe atrai naquele momento. Quanto mais o indivíduo se sente parte do grupo, mais facilmente ele pode se tornar sugestionado pelo discurso inflamado. A população precisa ter pensamento crítico para identificar se realmente se trata de incitação a algo odioso, ou se no lugar disso, a pecha de discurso de ódio está sendo usada como tentativa de desqualificação das críticas ao consenso esquerdista que se estabeleceu no país.
O pós-modernismo não acredita em lógica. Para ele, a lógica do Ocidente é proveniente de instituições patriarcais capitalistas que continuam a dominar o espectro social e econômico. Não acreditam no poder do diálogo individual, apenas coletivo. Você abre mão de sua identidade de origem e aceita a retórica fomentada pelo grupo, sem espaço para objeções. Por este motivo, impedem opositores de se expressarem nas escolas e universidades, pois eles não concordam com esta dialética. Como aconteceu recentemente em uma escola particular de São Paulo. Um aluno do ensino médio percebeu que a palestrante fazia parte de um partido de esquerda, e estava usando a escola de palanque político. O aluno se posicionou diante do público, foi humilhado pelo professor e “cancelado” pela plateia que vibrava com cada ataque do docente. Segundo a matéria publicada no jornal Gazeta do Povo, houve um aumento significativo da doutrinação ideológica em sala de aula neste ano eleitoral. As instituições, na verdade, estão formando um exército de eleitores, e não profissionais qualificados para o mercado.
Professores ativistas não passam de meros instrumentos nas mãos do deep state. Fingem exercer um papel “libertador”, removendo o hospedeiro burguês de dentro de crianças e adolescentes. Isso é militância política camuflada de modernismo, visa formar alunos como agentes transformadores da sociedade que eles almejam. No Brasil, Paulo Freire seria o nome oficial a disseminar o vínculo da educação com a política, gerando uma revolução cultural pedagógica no país. De acordo com o escritor e cientista político, Flavio Morgenstern, no documentário Pátria Educadora, o apelo político e incentivo em levar as pessoas às universidades existe para que a doutrinação ocorra. Ideias que fogem da filosofia imposta são suprimidas e a manipulação acontece.
“Você pode ter a melhor ideia do mundo, mas se o professor discordar da sua ideia, ela não existe e não merece sequer ser citada. Tudo que existe de fato é o que a universidade diz que existe, todo o resto está excluído.”
Flavio Morgenstern
Os avanços tecnológicos dos veículos de comunicação aumentaram o poder hipnotizante dos sons, imagens e palavras na mente das pessoas. Mas a verdade é que este tipo de manipulação das massas ocorre há tempos. Um dos maiores ataques deliberados de fake news foi em 1938, quando George Orson Welles interrompeu a programação da rádio CBS nos Estados Unidos para avisar que a população estaria sofrendo um ataque alienígena. A notícia, em edição “extraordinária”, na verdade era o começo de uma peça de radioteatro que visava dramatizar o livro de ficção científica, Guerra dos Mundos, escrito por H. G. Welles. Os efeitos usados na transmissão foram tão perfeitos que não só ajudou a CBS a bater a emissora concorrente, como também desencadeou pânico em várias cidades norte-americanas. Foi dito pela mídia que seu comunicado provocou a fuga desenfreada de centenas de pessoas acometidas pela histeria, como animais em pânico. Mas a verdade é que poucas pessoas estavam ouvindo a notícia, o evento foi inflamado pela mídia impressa propositadamente para denegrir a imagem das emissoras de rádio e desbanca-las do mercado. Fake news combatendo fake news.
A transmissão de Welles é um dos exemplos mais claros do enorme poder da hipnose sugestiva criada pelos meios de comunicação. Prova, também, o tremendo impacto que uma notícia pode ter quando endossada por autoridades públicas. Segundo Joost Meerloo, em seu livro, The Rape of the Mind, não é apenas o poder sugestivo desses meios que lhes confere seu efeito hipnotizante, nossos meios técnicos de comunicação fazem do povo uma enorme massa participante. Mesmo quando sozinha, a pessoa está tecnicamente unida à vasta gama de ouvintes e telespectadores, e inconscientemente se identifica com eles. No entanto, não há contato emocional direto entre pessoas, por isso que o rádio, a televisão e a internet tendem a eliminar as relações afetivas entre os humanos. Alteram sua capacidade de pensamento e dominam o poder de avaliação e reflexão de pessoas normais e inteligentes. Apesar de estarmos vivendo a tão famigerada “Era da Informação”, curiosamente, nosso entendimento mútuo diminuiu.
Karl Marx foi um filósofo, jornalista e economista alemão, nascido em 1818. Mais de 200 anos após sua morte suas ideias ainda são relevantes e incendeiam o mundo pós-moderno. As mudanças frenéticas que ocorrem hoje com a globalização estão levantando o debate sobre o capitalismo e desigualdade social. Em vários lugares do mundo, pessoas evocam Karl Marx e proclamam revoluções em seu nome, que provocam reviravoltas em sociedades. No decorrer dos anos, as ideias de Marx foram colocadas em prática das maneiras mais diversas possíveis. Obtendo os resultados mais variados.
A revolução industrial foi a maior preocupação do século XIX. Seus avanços tecnológicos e invenções mudaram radicalmente as vidas das pessoas, mas também trouxeram condições de trabalho catastróficas. A miséria e a privação humana originaram inúmeras revoltas em toda a Europa, dando início ao movimento revolucionário de classes. No filme de Charlie Chaplin, “Tempos Modernos”, podemos identificar a péssima impressão que a revolução industrial incitou em seus trabalhadores. O personagem Carlito (Charlie Chaplin) se sente fadigado e explorado por seu chefe e acaba por ter um burnout na fábrica onde trabalha. Seu surto o coloca na cadeia, e quando ele finalmente tem sua liberdade ele não a quer, pois se sente feliz no cárcere. Este filme nada mais é que uma hipérbole da máxima Marxista: alienação do trabalho. Marx acreditava que o trabalho tornava o indivíduo alienado, sem que o mesmo tivesse real noção do seu valor. Seu árduo desempenho era apenas em benefício do patrão e do sistema capitalista.
Um exemplo de pensamento pós-moderno é a ideia de que nem todas as pessoas veriam o roubo como algo negativo. Como ocorre atualmente na Califórnia, Estado Democrata onde ideologias liberais vêm provocando o êxodo da população aos Estados Republicanos. Em 2014, o Estado adotou uma medida que permitiria aos mais desfavorecidos a “pegarem” itens de uso essencial em até 950 dólares sem serem presos. Com o desemprego e falências decorrentes das restrições da pandemia, esta medida praticamente escancarou a porta para o crime levando a Califórnia ao caos. Notável paradoxo da genialidade de Marx: ele entendeu que as contradições dentro do sistema se tornariam tão extremas que eventualmente seríamos forçados a explorar maneiras de superá-las coletivamente. Um dos erros de Marx foi não identificar outros fatores que no futuro iriam dividir mais e mais as massas, como religião, etnia e cidadania.
Segundo Jordan Peterson, os adeptos do pós-modernismo rejeitam completamente a estrutura da civilização ocidental, pois a consideram uma cultura de “patriarcado falocêntrico”. Para Peterson, o falogocentrismo de Jacques Derrida e Donna Haraway é um dos gatilhos da doutrina pós-moderna ocidental. Falo vem da palavra “phallus”, uma insistência de que o que você vê na cultura ocidental é dominado por homens, gerando uma sociedade opressora e machista. Exemplos arquitetônicos desta simbologia podem ser encontrados em algumas construções importantes do planeta, como no Capitólio dos Estados Unidos da América. Estudiosos avaliam que o Capitólio não é simplesmente um prédio governamental qualquer, é também o centro espiritual do país. Sua estrutura, sua arte e seus símbolos revelam a grande importância das fraternidades secretas, normalmente encabeçadas por homens. O monumento do obelisco encontrado em vários locais do mundo, inclusive no Brasil, é interpretado por alguns especialistas como um símbolo fálico. Monumentos, construções e pedaços de humanidade que deveriam fazer parte da história estão sendo revisitados e cancelados pela geração progressista.
Em um país como o nosso, onde cabe ao público eleitor discernir a Verdade, é absolutamente necessário um conhecimento universal dos métodos usados pelo establishment para enganar e embalar o público. O slogan pós-moderno constrói imagens sedutoras que grudam nas mentes e ouvidos dos cidadãos de maneira subliminar. Inebriados pelas mídias eles finalmente entregam seus sentidos e se tornam massa de manobra: não enxergam com seus próprios olhos e não escutam com seus próprios ouvidos. As respostas se tornam automáticas e apropriadas às narrativas impostas, fazendo do ser humano um robô opinativo. Esta aprovação consistente e aceitação silenciosa da população em relação às estratégias que seduzem e provocam terror e apatia, resultará na verdadeira derrocada do sistema democrático. O renascimento da coragem e a abdicação do conformismo são os antídotos fundamentais para nossa situação política pós-moderna. Segundo o autor, Rollo May, pai da psicologia existencial:
“A marca registrada da coragem em nossa era de conformidade é a capacidade de manter as próprias convicções.”
Rollo May
Se queremos um mundo melhor, temos que seguir nossas convicções e ser o exemplo para outros seguirem.
Excelente texto. Quem o escreveu compreendeu muito bem a nossa desafortunada situação.
Muito obrigada!