Uma psicose em massa é uma epidemia de loucura e ocorre quando uma grande parte da sociedade perde o contato com a realidade e cai em delírio. Este fenômeno pode ser intensificado e embasado quando a mensagem negativa é endossada por uma fonte autorizada. Quando a Mídia é politizada, a imprensa e as redes sociais tornam a informação negativa onipresente. Este acontecimento não é um elemento de ficção e sim um perigo iminente que permeia a evolução humana.
A caça às bruxas na América e na Europa nos séculos XVI e XVII e a ascensão do totalitarismo no século XX, são exemplos de psicose em massa. Durante a caça às bruxas milhares de indivíduos, na maioria mulheres, foram mortos não por quaisquer crimes que cometeram, mas porque se tornaram bodes expiatórios de sociedades enlouquecidas. Na Idade Média, quando se tratava de explicar catástrofes ou epidemias, era preciso punir os responsáveis. Compulsoriamente culpavam pessoas por magia e pactos com o diabo contra cristãos. Para fabricar uma bruxa bastava evidenciar qualquer comportamento marginal ou rebelde que chamasse a atenção, alimentar o boato para alertar autoridades públicas, e então, a “caça às bruxas” estava aberta. Em algumas aldeias suíças quase não restou mulheres vivas até o frenesi se extinguir.
Mais um exemplo de psicose em massa, ou “zeitgest”, espírito de época, foi durante a Primeira Guerra Mundial. As pessoas foram acometidas por um “sentimento nacionalista exagerado” e foram motivadas pela crença injustificada de que seus países deveriam ‘civilizar’ os demais. Pessoas se voluntariavam para ir à guerra, onde milhões foram mortos e nenhum objetivo alcançado. O uso de propagandas como incentivo era a melhor maneira de convencer a população.
Na Segunda Guerra Mundial, os nazistas implementaram a cultura da confissão através de terror e tortura. Pessoas eram levadas e torturadas até entregarem nomes para a Gestapo. No caso, qualquer nome, o intuito era sair dali vivo. E assim foi criado o terror na Alemanha nazista. A população começava sua psicose em massa em 1933 e aos poucos a criação do inimigo comum, o povo Judeu. Durante o segundo ano da ocupação Nazista, a população percebeu que era melhor então se afastar das pessoas, pois assim você não correria o risco de ter que denunciá-las. O resultado foi o isolamento de pessoas e a proliferação de problemas psicológicos. E também o uso de drogas para aliviar a pressão. Os efeitos foram paradoxais: as drogas aliviavam a dor, mas também causavam letargia e tornava o indivíduo vulnerável à pressão mental do Nazismo. (MEERLOO, 2015, p.23)
Segundo Frankl (1984, p. 21), a Primeira Guerra Mundial trouxe a “doença do arame farpado” dos primeiros campos de concentração. Já a Segunda Guerra Mundial trouxe a ampliação do conhecimento sobre a “psicopatologia das massas”. Que acarretou em uma “guerra dos nervos” diante de todas atrocidades cometidas nos campos de concentração. Naquela época era sabido que não era a tortura pesada e física que despedaçava pessoas, e sim a humilhação e tortura mental.
Os iludidos que compõem uma sociedade em histeria se tornam moralmente e espiritualmente inferiores. Inconscientemente eles caem para um nível intelectual irracional, irresponsável e não confiável. Crimes que o indivíduo sozinho seria incapaz de exercer são cometidos livremente pelo grupo contaminado. Como o que aconteceu com a caça às bruxas e com o Nazismo.
Sob a ilusão de uma ameaça altamente exagerada, as pessoas agem de maneiras, que, se não houvesse a ilusão, pareceriam absurdas. Aqueles que sofrem da psicose em massa não assimilam esta manipulação. Eles perdem o parâmetro do que é certo ou errado, pois a massa o acompanha na loucura coletiva. Cobertura tendenciosa da Mídia, informações incompletas e assimétricas, experiências pessoais, medos, incapacidade de compreender e interpretar estatísticas e outros vieses cognitivos levam a julgamento de risco distorcidos e atitudes incoerentes. (BAGUS, PEÑA-RAMOS, SANCHES-BAYON, 2021)
O que leva uma massa à psicose é uma inundação de emoções negativas, como medo da morte ou ansiedade. Isto induz o indivíduo ao estado de pânico. Como ocorreu quando a pandemia foi decretada em março de 2020. As pessoas foram submetidas a lockdowns, vítimas de notícias nefastas. Quando em estado de pânico, a pessoa busca alívio. No caso da pandemia, o alívio se tornou quase inexistente, pois as redes sociais, televisão, rádio e todas as ferramentas “aliviantes” estavam contaminadas com notícias fúnebres. O medo iminente era do próximo, pois este poderia estar carregando o vírus. Pessoas calorosas, como brasileiros, já não se cumprimentavam mais, não se abraçavam. O distanciamento social trouxe a solidão e o apego desenfreado às redes.
O sistema político pode influenciar na propagação da psicose em massa em um mundo digitalizado e globalizado. Na Era da Informação, as notícias negativas podem ser disseminadas de maneira vertiginosa e o contágio de pânico onipresente. Temos exemplos no mundo inteiro de como a imprensa foi usada como ferramenta fundamental para instaurar o medo. Ondas de terror e calmaria, isolamentos periódicos, e por fim, a apatia e a depressão. Assim, as redes sociais serviram de asilo para muitos. Transformando o lazer em vício.
A tecnologia moderna ensina o homem a desmerecer o mundo ao redor, ele não tem mais tempo de se recolher e refletir. A tecnologia o atrai e o carrega, roubando seu senso e seus movimentos. Não há descanso, não há meditação, reflexão, não há conversa – estes escapes são inundados com excesso de estímulo. O homem aprende a não questionar mais, a tela lhe oferece todas as respostas prontas. (MEERLOO, 2015, p. 209)
O psicólogo e especialista em vícios da internet, Cristiano Nabuco, diz que nós temos que nos proteger das informações negativas e procurar fazer uma “nutrição informativa” criando períodos de distanciamento entre um ou outro acesso:
Da mesma forma que você faz várias coisas com relação à sua alimentação, como tomar cuidado com o que você ingere, você vai tentar se proteger das informações que têm o poder de acionar no cérebro, centros importantes de tomada de decisão, e que, muitas vezes, o cérebro não consegue discernir se você está “vivendo” aquilo ou assistindo. (NABUCO, 2021)
Em meio a pandemia da COVID-19, a mente do coletivo foi entregue à imprensa e a quem manda na mesma: políticos, oligarcas e Big Techs. Atualmente os meios para se manipular a sociedade são extremamente eficazes, nunca vistos antes. Smartphones e redes sociais, televisão e streamings, todos em conjunto com o algoritmo que rapidamente censuram o fluxo de informações direcionando o consumidor involuntariamente. Com este bombardeio de informações, o típico usuário se transforma em um robô opinativo. Suas conclusões são um reflexo de tudo que foi absorvido pela imprensa e redes sociais.
O acesso às informações também pode “curar” os infectados pelas notícias, evitando que a psicose em massa se torne um fardo para o sistema de saúde. O indivíduo pode usufruir do pensamento crítico e furar a bolha da grande imprensa. Basta buscar informações de diferentes fontes antes de chegar à uma conclusão. Muitas notícias sobre o mundo são censuradas pela Mídia tradicional por razões políticas. Cristiano Nabuco indica que devemos sempre verificar a fonte e observar; se a notícia lhe deixou, ou muito feliz, ou muito enraivecido, desconfie. Possivelmente a Inteligência Artificial acompanhou o rastro de navegação que você deixou e sabe através do algoritmo qual apetite você tem:
Tudo aquilo que vai de encontro com aquilo que você adora, ou aquilo que te provoca uma profunda reação contrária é o objetivo. Portanto, temos que desconfiar quando estas sensações intensas chegam até nós. (NABUCO, 2021)
A usurpação da mente humana ocorre desde a pré-história. Quando o homem descobre que pode explorar qualidades humanas, como empatia e compaixão, para se obter poder sobre o outro. O método geral pelo qual os membros de uma elite governante podem atingir este objetivo é chamado de “menticídio”. Com a etimologia dessa palavra sendo uma morte da mente. Joost Meerloo explica:
O menticído é um crime antigo contra a mente e o espírito humanos, mas sistematizado de novo. É um sistema organizado de intervenção psicológica e perversão judicial, por meio do qual uma classe dominante pode imprimir seus próprios pensamentos oportunistas nas mentes de quem quer dominar. (MEERLOO, 2015, p.28)
A sociedade precisa se unir para enfrentar esta transformação, da mente livre em uma mente humana robotizada. Seja pelo medo do vírus COVID-19 ou por qualquer ameaça coletiva que possam sofrer. Uma transformação que pode ocorrer devido a questões culturais, sociais ou ambientais, e também à experimentos em serviço de ideologias políticas. Na pandemia a mente humana foi programada com ondas de terror do vírus COVID-19 e sequestrada através de notícias sensacionalistas. Como a contagem de mortos girando na tela da grande imprensa. Tais termos como: lavagem cerebral, controle da mente e menticídio, servem para esclarecer concepções e métodos pelos quais pode se violar a integridade de um indivíduo. Quando um conceito recebe um nome, ele pode ser facilmente reconhecido. E com este reconhecimento surge a oportunidade de livramento. Quando se dá nome aos bois fica mais fácil de arranjar solução.
Suponha que um pequeno grupo de pessoas durante uma fobia de saúde coletiva continue vivendo livre das restrições, fazendo compras, trabalhando, socializando livremente e cuidando da saúde. Este grupo pode servir de exemplo para os demais, diminuindo a ansiedade dos que estão no ciclo do medo. Se várias pessoas de todos os setores da sociedade servissem de inspiração, agindo normalmente, isto permitiria um ajuste na expectativa dos observadores. O grupo dos ansiosos pode então diminuir. (BAGUS, PEÑA-RAMOS, SANCHES-BAYON, 2021)
De acordo com Carl Jung, para aqueles de nós que desejam ajudar a devolver a sanidade a um mundo insano, o primeiro passo é colocar ordem em nossas próprias mentes e viver de uma forma que forneça inspiração para outros seguirem:
Não é à toa que nossa época clama pela personalidade redentora, por aquele que pode se emancipar das garras da psicose coletiva e salvar pelo menos a própria alma, que ilumina um farol de esperança para os outros, proclamando que aqui há pelo menos um homem que conseguiu se libertar da identidade fatal com a psique do grupo. (JUNG, 1970, p. 235)
Perfeito. Tenho uma lista de pessoas que precisam ler seu trabalho.
Parabéns!
Oi Priscila, fico feliz que gostou. São informações importantíssimas que devem ser disseminadas ao público, e que normalmente não são divulgadas no mainstream media (grande imprensa). Nos ajude a divulgar sim! O intuito é abrir os olhos do o maior número de pessoas possível. Juntos faremos a diferença que desejamos.
Obrigada!