A incitação desenfreada de medo e pânico durante a pandemia da COVID-19 com certeza deixará um legado de efeitos psiquiátricos na população. A insanidade coletiva causada pelo “medo delirante” da COVID-19 irá desencadear uma verdadeira crise de saúde pública. As doenças do corpo físico, tal como as do vírus SARS-CoV-2, podem se espalhar pela população e se transformar em pandemia, como ocorreu. Mas isto ocorre também com doenças da mente, sendo a psicose em massa a mais perigosa. Quando isto ocorre em uma sociedade, é uma situação a qual Jung (1976, p. 583) chamou de epidemia psíquica: “[…] não há proteção adequada contra epidemias psíquicas, que são infinitamente mais devastadoras do que as piores catástrofes naturais.”
Apesar de algumas influências negativas, as redes sociais exerceram papéis positivos também durante a pandemia. Segundo Nabuco, nossa rotina é muito importante para o cérebro, pois traz a sensação de equilíbrio e proteção. Pensando na condição de confinamento em que ficamos, as redes sociais serviram como um “portal” de conexão entre as pessoas: “A ideia é de que estas tecnologias possam também trazer força, fazer com que a gente se comunique, mesmo que em isolamento.” (NABUCO, 2021).
A psicose em massa pode levar a erros de política que têm consequências trágicas para a saúde pública. A conduta do Estado diante da pandemia do vírus COVID-19 teve efeito reverso. Medidas adotadas com a intenção de proteger a população acabaram por prejudicarem a mesma. Na tentativa de reduzir taxas de infecção, o Estado instaurou medidas restritivas draconianas, tais como: lockdowns intermináveis, fechamento de empresas, quebra de interação social e outras restrições que violam os direitos dos cidadãos. As medidas restritivas, tais como isolamento social, mudanças na rotina, perda de liberdade e perda financeira, indicam impactos psicológicos como estresse pós-traumático, ansiedade e depressão. Estes sintomas psicopatológicos vieram à acometer profissionais da saúde e pessoas de baixa renda que antes não faziam parte deste escopo.
Algumas medidas tiveram efeito nocebo, e acabaram por produzir externalidades negativas na forma de desemprego, falência, depressão, alcoolismo e suicídio. Em uma pesquisa realizada nos EUA de 24 a 30 de junho de 2020, 40,9% dos participantes relataram pelo menos uma condição adversa de saúde mental e 10,7% relataram ter considerado seriamente o suicídio nos últimos 30 dias. Além disso, a frequência do consumo de álcool durante os lockdowns aumentou 14% nos EUA. (BAGUS, PEÑA-RAMOS, SANCHES-BAYON, 2021)
O impacto social que a pandemia causou, como aumento da desigualdade, do desemprego e do número de pessoas à beira da extrema pobreza não acabará com a inoculação da população. Possivelmente a psicose em massa agora irá girar em torno da vacinação obrigatória. Os pretensos totalitários podem agora dar o passo decisivo: oferecer uma saída e um retorno à ordem com a ilusão da vacinação em massa. Mas tudo isso tem um preço, as massas devem desistir de sua liberdade e ceder o controle de alguns aspectos de sua vida. Mesmo sabendo que pessoas inoculadas podem ainda contrair e transmitir o vírus, o establishment está tentando tornar a vacinação da COVID-19 compulsória. O passaporte sanitário nada mais é do que um modelo centralizado de certificação; uma excelente forma de obter dados pessoais e controlar pessoas. Todos transformados em QR codes, monitorados digitalmente através do aplicativo. Primeiro a vacina, depois vira China.
A obrigação da vacina poderá trazer ainda mais segregação a um universo já polarizado. Vacinas sempre foram opcionais, existe público que adere e público que é contra determinadas vacinas. Com a obrigação da vacina da COVID-19, pessoas terão que abrir mão de sua opção de escolha ou então viverão como párias diante da sociedade. Os impactos psicológicos e sociais podem ser devastadores diante do bullying coletivo de não vacinados. O Nuffield on Bioethics publicou um briefing político ressaltando os riscos éticos do passaporte sanitário para os menos favorecidos: “Os impactos negativos da certificação provavelmente cairão desproporcionalmente sobre aqueles que já são socialmente marginalizados e desfavorecidos.” (NUFFIELD COUNCIL ON BIOETHICS, 2020)
Países, como: Alemanha, Áustria, Canadá, França, Itália e Estados Unidos, já vêm instaurando o passaporte sanitário de forma draconiana. Mas o resultado pode ser um tiro no pé. Segundo o cardiologista e professor americano, Peter McCullough, estes países estão infringindo o Código de Nuremberg. O Código de Nuremberg é um conjunto de princípios éticos estabelecidos pós Segunda Guerra Mundial. Seu conteúdo elucida que deve haver um consentimento voluntário do ser humano para que o mesmo seja submetido à intervenção de natureza experimental:
As pessoas devem se sentir livres para tomar a vacina ou não, pois ainda não há informações suficientes sobre estas vacinas. Os que estão obrigando a vacina estão caminhando por uma linha tênue dentro da bioética e serão responsabilizadas. Ninguém pode obrigar a vacinação, nem o bom médico. (MCCULLOUGH, min. 83)
Hoje a guerra não é mais como era antigamente, com armamento bélico e muito sangue. Hoje a guerra é cognitiva. Somos vulneráveis à customização de várias modalidades de comunicação, que fazem com que a informação verdadeira se esvaia. O que é real e o que é narrativa? Mensagens, crenças e opiniões, podem ser influenciadas, persuadidas e alteradas por “vantagens cognitivas”. Sem imposição ou coerção, seu receptor está ciente desta invasão mental racionalmente. O que foge aos olhos é a invasão inconsciente.
A cobertura sensacionalista da pandemia por “fontes autênticas” cria uma onda de medo na população. Conforme observado em um estudo sobre gripe aviária de 2005 (VAN DEN BULCK; CUSTERS, 2009), pois indica algo que foge do controle dos humanos. Neste estudo constatou-se que maior exposição às Mídias, maior medo da doença.
Existem múltiplos desafios vindo à tona pelo domínio cognitivo das massas. Embora muitos países não estejam preparados para táticas cognitivas de tal magnitude, a velocidade dos avanços tecnológicos vêm impulsionando a propagação desenfreada de informação: verídica e não verídica. E este “boost” de informações vêm impactando no panorama geopolítico do mundo, sem causar uma guerra cinética e sim psicológica. (SINGH, 2021)
A inovação que a guerra cognitiva traz é atuar nos bastidores. Métodos letais saíram do epicentro da batalha política da guerra armada dando espaço a guerra de narrativas. Contestando a mente (consciência) do público. Hoje a batalha é pelo neurônio da população. A guerra cognitiva pode também ter o propósito de nutrir expectativas sobre governos, subverter processos democráticos, incitar discordâncias civis, ou induzir movimentos separatistas levando à mais polarização. A razão cognitiva é alterada e levada a vieses através de mensagens sensacionalistas, induzindo o usuário das redes à falácias. Somos todos vítimas do algoritmo desenfreado das Big Techs.
O campo de batalha cognitivo está repleto de propaganda e desinformação para definir um contexto de forma consistente. Isto inclui a “instrumentalização da memória histórica”. Quer dizer que, para que o ataque cognitivo tenha eficácia é necessário desconstruir a história existente no cérebro para assim acrescentar a narrativa desejada. Exatamente como é feito na China. (MUSTAFAGA, 2019)
Estamos à beira de um sistema tecnocrata totalitário como na China? É possível. Quando uma elite governante se torna obcecada por uma ideologia política deste tipo, seja comunismo, fascismo, tecnocracia, ou vacinação obrigatória, o próximo passo é induzir a população em aceitar sua governança. Para contaminar a população com a psicose de massa totalitária, basta organizar o sentimento do coletivo com o método correto. De acordo com MEERLOO (2015), menticído é o método eficaz para se controlar a sociedade. O isolamento social do lockdown, associado aos avanços tecnológicos impulsionaram para que o ser humano entrasse em uma bolha de vez. Mas não qualquer bolha, bolhas confortáveis. Notícias, opiniões, ofertas e pessoas desagradáveis ou perturbadoras são rapidamente excluídas e um universo paralelo é criado. Os efeitos psicológicos destas bolhas podem ser devastadores, gerando solidão e insegurança:
O perigo é que a sociedade em geral pode se fragmentar em muitas destas bolhas, cada uma felizmente separada das outras. E, à medida que se separam, cada um tem maior probabilidade de ficar perturbado ou chocado sempre que entrarem em contato umas com as outras. (JOHN HOPKINS; IMPERIAL COLLEGE, 2021)
Além do impacto psicológico os indivíduos também sentirão o impacto tecnológico invadindo suas vidas. Com o isolamento as pessoas tiveram que se informatizar para poderem manter seus empregos ou vida acadêmica. O Home Office e o Homeschooling vieram para ficar. Quem não tem um tablet ou smartphone, não conseguirá acompanhar as mudanças drásticas que a sociedade irá enfrentar. Estes avanços tecnológicos já eram previstos, mas a pandemia veio para acelerar este processo.
Estamos assistindo ao início de um novo espaço lógico, um “todo eletrônico instantâneo”, que todos podemos acessar, entrar e experimentar. Em suma, temos o início de um novo tipo de comunidade. A comunidade virtual torna-se modelo para um reino dos céus secular; como Jesus disse, havia muitas mansões no Reino de seu Pai, então há muitas comunidades virtuais, cada uma refletindo suas próprias necessidades e desejos. (DAVIDSON; REES-MOGG, 1997, p.14)
Mas será que a população terá recursos financeiros e intelectuais para acompanhar os rápidos avanços da Era da Informação? Segundo Nabuco, algumas pesquisas dizem que a pandemia acelerou em 25 anos o avanço tecnológico. Com isto, haverá no mundo inteiro legiões de pessoas que terão perdido essa “onda tecnológica” das grandes mudanças. Principalmente diante do avanço da Inteligência Artificial, que com certeza ocupará postos importantes de trabalho. Hoje a população está estimada em 8 bilhões de habitantes e 60% destas pessoas não têm saneamento básico, mas têm acesso a um telefone celular que lhes permite entrada neste mundo digital.
Acho que ainda teremos momentos de grandes mudanças. Na medida que você vai desenvolvendo, o equipamento vai se tornando mais barato, possibilitando, por outro lado, que pessoas menos favorecidas acompanhem esta evolução tecnológica. (NABUCO, 2021)
Avanços tecnológicos são inevitáveis e temos que acompanhar estas mudanças com discernimento e cautela. Por conta destes avanços, descobrimos a neuroplasticidade do cérebro. Da mesma forma que o mundo se molda diante dos acontecimentos, o nosso cérebro tem esta mesma capacidade. Histórias negativas nos distraem do que é realmente importante e significativo. O ser humano deve aprender a dominar sua mente e o viés negativo que corrói sua energia, sua esperança e sua criatividade, que o desviam de seu propósito.
A falta de religiosidade e espiritualidade que acomete a juventude atual, em conjunto com a solidão proporcionada pela tecnologia, podem estar associadas à esta epidemia de falta de sentido na Vida. Já existem evidências que comprovam que a fé religiosa ou espiritual nos traz maior tolerância às circunstâncias de sofrimento e dificuldades da vida. Os indivíduos que têm religiosidade ou espiritualidade desenvolvem um poder maior de fé. Esta fé proporcionada pelas instituições religiosas e espirituais, faz com que os indivíduos tenham maior tolerância à frustração, aumentando a resiliência, que é a chave para se ter bem estar psicológico. “O aumento na resiliência psicológica torna o ser humano adaptável e traz a capacidade de voltar à condição de origem, num melhor estado de preservação psicológica.” (NABUCO, 2021)
Da mesma maneira que houve uma psicose em massa deve-se haver uma conscientização em massa. A física quântica já ressalta que estamos todos conectados por um “entrelaçamento quântico”. Com o poder do pensamento podemos transformar as múltiplas realidades para criarmos um futuro melhor. Conforme Braden, não precisamos de um imenso número de pessoas para fazer a diferença, somos os arquitetos do nosso mundo e do nosso destino: “Relativamente poucas pessoas, ao criarem um novo programa de consciência, fazem uma enorme diferença no resultado da nossa realidade coletiva.” (BRADEN, 2012, p.206)
Temos muitos exemplos de pessoas que transformaram a consciência do coletivo – Buda, Jesus, Gandhi e outros grandes mestres que foram catalisadores do pensamento e abriram as portas para outros fazerem o mesmo. Quando o ser humano descobrir que a força mais poderosa vive no interior de cada pessoa, ele verá que pode criar o mundo que imagina em suas crenças. Sempre atento para não cair em ciladas que o levam para o caminho do medo.
Segundo Rumi, poeta e mestre espiritual persa do século XIII, “continue andando, embora não haja nenhum lugar para ir. Não tente ver a longas distâncias. Os seres humanos não são capazes disso. Volte-se para dentro, mas não siga o caminho do medo.”