Na nossa Era, a crença relevante de boa parte da massa saiu do âmbito da superstição ou sobrenatural do “sentido da vida”. O enfoque agora é na credibilidade científica e não espiritual. Você que agora é responsável pelo sentido, não Deus. De acordo com Perez (2020) isto é o Modernismo. O Modernismo trouxe muitos benefícios à sociedade, mas reduziu a religiosidade e espiritualidade dos seres humanos, endeusando a ciência.
O medo da morte geralmente é aliviado pela religião, porque as religiões normalmente consideram que existe uma vida após a morte. O Estado e a democracia foram elevados a um nível quase religioso. O Estado aparece como uma alternativa a Deus, sem promessa de uma vida após a morte. Ao se afastar da religião, as pessoas começam a temer mais a morte, e um forte medo da morte é outro fator que contribui para o pânico, os transtornos e a histeria em massa. (BAGUS, PEÑA-RAMOS, SANCHES-BAYON, 2021)
Conforme pesquisas feitas em alguns países da Europa, as crenças religiosas e espirituais indicam um aumento no bem-estar psicológico da população. Sem uma estrutura espiritual fornecida pela religião e a crença na vida após a morte, há uma tendência em temer mais a morte, e a população se torna mais suscetível à problemas psicológicos e psicose em massa. (BAGUS, PEÑA-RAMOS, SANCHES-BAYON, 2021)
Quando a pessoa é tolhida de suas potencialidades por medo, insegurança, ou qualquer sentimento sabotador, ela adoece. As capacidades e virtudes também são essenciais e precisam ser usadas, se não se esvaem. É possível alterar a realidade alterando a maneira como a informação entra no cérebro, e assim podemos sair do ciclo do medo. Estudos científicos indicam que quanto mais pessoas abraçarem uma nova crença, mais fácil fundamentar esta crença na realidade:
Precisamos escolher um novo modo de ser e de viver que se diferencie dos outros, que sejam percebidos e se tornem padrão. Ao fazer isso estaremos atualizando o conjunto de nossas crenças e enviando o projeto de uma nova realidade para a consciência. (BRADEN, 2012, p. 207)
Para que o dia, o momento, a vida, sejam mais leves, as pessoas têm que aprender a escolher qual sentido dar a cada coisa que acontece com ela. A pandemia trouxe a sede pela notícia, seja ela fato ou narrativa. O importante era manter a TV ligada e permanecer conectado, pois tudo poderia acontecer. Esta dependência pela notícia doutrina o cidadão numa esfera insconsciente. Principalmente quando em situação de medo ou sofrimento.
Em meados de 1890, ao pesquisar porque os cães salivavam, Ivan Pavlov, descobriu algo maior; o reflexo condicionado. Com sua pesquisa, Pavlov mudou o rumo do mundo. Ele descobriu como doutrinar e condicionar pessoas através de reflexos condicionados. O reflexo condicionado acontece sempre com uma aprendizagem prévia. Somos condicionados diariamente pelas sensações que surgem em nosso cotidiano: o som da porta do metrô fechando, a trilha sonora da série de suspense, o barulho do elevador, o tilintar dos talheres e por assim vai. Infelizmente os sinais da pandemia estarão impregnados no inconsciente coletivo desta era, será o o nosso zeitgeist.
Considerando a teoria Pavloviana, a Mídia pode ser politizada para condicionar o cognitivo das pessoas e interferir na competição entre veículos de comunicação. Estamos vivendo a volta da censura com esta parceria entre Mídia e Estado. Os agentes de comunicação e as plataformas de redes sociais podem ser partidárias, podendo promover campanhas massivas de informações negativas com o único objetivo de adquirir seguidores e polarizar pessoas. Numa guerra, seja ela bélica ou de informação, esta estratégia pode ter dois desfechos: transformar o governo em herói, que salva a população do bicho papão, ou em vilão, que vai contra a ciência e a vida. O Estado regula a Mídia, que por sua vez regula e mente da população.
Não é nenhuma novidade que o medo é usado como estratégia de submissão e guerra, seja individual ou em massa. O filho que anda na linha porque tem medo do pai ou os governantes que usam a Mídia como ferramenta para incitar o medo e assim obter submissão. A estratégia é explorar o viés negativo do cérebro, para assim atingirem seus objetivos políticos. Se referindo à guerra ao terrorismo iniciada nos Estados Unidos na década de 90, o autor Brzezinski diz:
A referência constante a uma ‘guerra contra o terror’ cumpriu um objetivo principal: estimulou o surgimento de uma cultura do medo. O medo obscurece a razão, intensifica as emoções e torna mais fácil para que políticos demagogos mobilizem o público em nome das políticas que desejam seguir. (BRZEZINSKI, 2007)
A neurociência já fundamenta que o cérebro humano tem um viés negativo, que torna as pessoas vulneráveis a delírios. Devido a nossa evolução biológica de sobrevivência, tendemos a focar em más notícias, pois estas podem representar um perigo iminente. Concentrar em notícias negativas e sentir perda de controle pode causar estresse psicológico, que pode evoluir para uma histeria e se propagar para um grupo maior ocasionando na psicose em massa. (MINEKA; KELLY, 2021)
A mente humana, bem como o corpo, tem um sistema imunológico. Este sistema imunológico do cérebro pode trabalhar a favor ou contra a integridade do indivíduo. No livro – ” Imunidade à Mudança” – Robert Kegan ensina a desenvolver uma máquina de raio-X mental. Esta máquina pode ajudar a pessoa a se aprofundar um pouco mais em si mesma e identificar quando está em um looping sistêmico de más informações. A mente tende a segurar ideias, pensamentos, sentimentos e modos de pensar que às vezes precisamos colocar pra fora para entender.
Nosso cérebro vem evoluindo desde os primórdios, e como qualquer outro tecido do corpo, tem a habilidade de se ampliar e se modificar. No córtex pré-frontal, a amígdala é como se fosse um “internal homeland security” do cérebro, responsável pela defesa em prol da sobrevivência. Atualmente nosso “homeland security system” está em alerta constante devido às notícias sensacionalistas da pandemia do COVID-19. A mercê de uma enxurrada de fake news e restrições sem sentido, que só servem para instaurar o terror e manter as pessoas ligadas às notícias. Funcionários do governo e seus lacaios da Mídia podem usar relatos contraditórios, informações sem sentido e até mentiras gritantes para influenciar pessoas. Como no exemplo do Nazismo e a demonização do povo Judeu.
O sensacionalismo engendrado pela Mídia cria uma população iludida e sustentada por delírios. Somente homens e mulheres iludidos regridem ao status infantil de súditos obedientes e submissos, entregando o controle completo de suas vidas a políticos e burocratas. Apenas uma classe dominante totalitária acreditará que possui o conhecimento, a sabedoria e a eficácia para controlar completamente a sociedade de cima para baixo. Sua maior ferramenta, a grande imprensa. O isolamento das vítimas segue como parte na indução da psicose em massa. Lockdowns interrompem as interações sociais normais e fazem com que as pessoas percam o contato com a força positiva de seres humanos, passando o bastão aos eletrônicos.
Nós todos carregamos preocupações, e pior, gastamos tempo e energia para impedir que estas preocupações ocorram. Nem percebemos, mas passamos boa parte do tempo ruminando expectativas. Com a pandemia do COVID-19, a massa passou a ruminar em conjunto, todos alimentando o medo de um inimigo comum. É mais fácil seguir o rebanho do que ser um “cancelado” ou rotulado de conspiracionista. A lacuna a ser preenchida é a que seu cérebro é único, e que você pode pensar fora da “caixinha” e fora da zona de conforto para se obter conforto de verdade. Gregg Braden faz uma analogia entre o cérebro humano e o computador. Segundo ele, podemos alterar nossa realidade da mesma forma que alteramos documentos digitais:
Se pensarmos no universo inteiro como um imenso computador de consciência, então a consciência propriamente dita é o sistema operacional, e a realidade é o resultado do processamento. Assim como o sistema operacional do computador é fixo e toda a mudança é proveniente de programas que falam com ele, para mudar o mundo devemos alterar os programas que são inteligíveis para a realidade: os sentimentos, as emoções, as orações e as crenças. (BRADEN, 2012, p. 203)
Para não entrar na psicose de massa, o indivíduo precisa enxergar que sua percepção está sendo alterada pela pressão mental que ele está sofrendo com as notícias negativas. A partir daí, ele pode desenvolver uma “defesa perceptual” que o protegerá das más influências. Isso quer dizer, que, quanto mais as pessoas se familiarizarem com os métodos de controle da mente e menticídio, mais elas entenderão os métodos de persuasão impostos pela imprensa. E assim poderão enaltecer suas virtudes em seu benefício e do próximo. O objetivo é enxergar além das narrativas, tirar o maior proveito da situação e buscar a resiliência com este aprendizado doloroso que foi a pandemia da COVID-19. Praticar a tolerância, respeitar a opinião do outro, ter pensamento crítico e tentar viver com leveza. Precisamos dar o melhor de si e fazer com que isso favoreça outras pessoas. Assim criamos uma cadeia de boas ações que podem mudar o fluxo negativo do mundo.
Muito interessante este artigo. Um alerta ao que estao fazendo com nosso conciente coletivo. Muito bem colocado a “guerra de informacoes” que estamos vivendo.
Oi André, obrigada pelo feedback. Sim, é muito importante as pessoas perceberem quando estão sendo manipuladas por mídias sensacionalistas. Na verdade, muitos veículos não têm o intuito de informar a população e sim de causar pânico e polarizar pessoas. A resposta é o caminho do meio, nos ajude a disseminar este pensamento.
Obrigada e ótimo dia.